O caminho das pedras e o som de ondas. O cenário que Clarice escolheu como dela durante quase 18 anos. O bairro do Leme que a guiou por tanto tempo agora coleciona sorrisos de satisfação e curiosidade. O caminho dos pescadores Ted Boy Marino tem Clarice Lispector viva.
Ideia da pesquisadora e biógrafa da escritora, Teresa Montero. Junto com a atriz Beth Goulart, que representou Clarice no teatro, Teresa criou um abaixo-assinado para erguer a estátua de Clarice com o fiel escudeiro, o cachorro Ulisses. Como não havia patrocínio, o escultor Edgar Duvivier produziu 40 miniaturas e as réplicas foram vendidas para admiradores da escritora.
E foi assim, em 14 de maio de 2016, que a estátua nasceu: graças aos seus leitores.
Ulisses observa a companheira. E Clarice, com um livro na mão, observa quem a observa. “Quem é essa?”, pergunta a turista. Veio do Pará e prometeu que não vai parar de divulgar Clarice, agora que sabe quem ela é.
Clarice, tímida arrojada, recebe um abraço a cada onda. Selfies ao lado dela, só porque é bonita. A turista de Goiânia adorou: “Muito linda a frase dela”. Qual? A escolhida por Teresa para cravar na pedra, bem ao lado da Clarice empoderada.
“Há três coisas para as quais eu nasci e para as quais eu dou minha vida. Nasci para amar os outros, nasci para escrever, e nasci para criar meus filhos. O amar os outros é tão vasto que inclui até perdão para mim mesma, com o que sobra…” – “As três experiências”, um dos textos mais divulgados da escritora, eternizado agora, ao lado da maior escritora do Brasil.