Por: Adauto Silva
Eu sempre considerei Lando Norris um piloto muito acima da média. Rápido, inteligente e muito técnico, o garoto inglês me parecia ter tudo – e mais um pouco – para ser campeão mundial de F1 em pouco tempo.
Mas em 2023 comecei a ter alguma dúvida quanto à sua fome e coragem de enfrentar os melhores de igual para igual. A não ser em Austin, onde ele abriu descaradamente para Verstappen – que tinha claríssimos problemas de freio -, mas lutou bravamente contra Hamilton, o que vi em 2023 foi Norris perdendo praticamente todas as disputas que se envolveu – ou pior, não se envolveu durante a temporada.
Ora, no automobilismo todos que o acompanhem sabem que o fator carro é e sempre foi determinante para o sucesso de um piloto. Todos os pilotos sabem que precisam do melhor carro – às vezes dominante e às vezes não – para vencer corridas o suficiente durante um ano para se tornar campeão.
Mas Norris, procurado pela Red Bull algumas vezes durante as últimas temporadas – dito pelo próprio chefe da RBR Christian Horner – sempre recusou ir para lá. Errou, já que nos dois últimos anos – principalmente em 2023 – a Red Bull não teve apenas o melhor carro, mas um carro absolutamente dominante. Em 2023 então foi o carro mais dominante da história da F1 vencendo 21 de 22 corridas.
Mas errar é humano. Talvez Norris não imaginasse que isso iria acontecer de uma maneira tão arrebatadora quando o regulamento mudou em 2022 para efeito solo via túneis Venturi.
Mas ele teve a chance de novo. A Red Bull o procurou novamente no ano passado, justamente com aquele carro absolutamente dominante, para ser o companheiro de equipe de Max Verstappen a partir de 2024 – se Norris conseguisse se desvencilhar da McLaren -, ou 2025.
E Norris recusou de novo. As “desculpas” para isso ele deu numa entrevista para a Sky Sports. Entre todo o blábláblá que ele disse, no final ele resumiu seu medo explícito de Max Verstappen ao dizer: “Não sei se disputar diretamente contra o melhor piloto do mundo (ele quis dizer Verstappen) seria a melhor coisa a fazer.”
Ora, um piloto que pensa assim, que tem medo de qualquer outro – mesmo tendo a chance de estar num carro que tem tudo para continuar sendo o melhor até 2026 – só vai ser campeão um dia em condições tão específicas que a grande chance é de nunca acontecer.
Imagine se Hamilton tivesse recusado a vaga na McLaren em 2007 porque não acreditava que guiar contra Alonso seria “a melhor coisa a fazer” !!
Imagine se Senna tivesse recusado a vaga na McLaren em 1988 porque não acreditava que guiar contra Prost seria “a melhor coisa a fazer” !!
Imagine se Lauda tivesse recusado a vaga na McLaren em 1984 porque não acreditava que guiar contra Prost seria “a melhor coisa a fazer” !!
Imagine se Russell tivesse recusado a vaga na Mercedes em 2022 porque não acreditava que guiar contra Hamilton seria “a melhor coisa a fazer” !!
E existem outros exemplos históricos, mas acho que os quatro acima já confirmam meu ponto. Norris tem medo de Verstappen e confessou isso publicamente. Uma pena.
Não sei se um piloto assim merece ser campeão um dia…
Imagine se Hamilton tivesse recusado a vaga na McLaren em 2007 porque não acreditava que guiar contra Alonso seria “a melhor coisa a fazer”… 🤨 https://t.co/d42VOVEQVv
— Autoracing (@adautoracing) January 27, 2024
Adauto Silva
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