O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na manhã desta sexta-feira, 26, os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) de janeiro. A divulgação ocorreu antes do horário previsto.
Os dados do IPCA-15, que vieram melhores do que o esperado pelo mercado, com desaceleração e com alta consolidada de 0,31%, foram divulgados por volta das 8h. Tratou-se uma hora antes do previsto no sistema Sidra para a divulgação do indicador.
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Sidra é a sigla para Sistema IBGE de Recuperação Automática. É a plataforma na qual os dados de pesquisas realizadas pelo instituto podem ser acessados em quadros, gráficos e cartogramas.
Imediatamente, os dados começaram a circular entre os analistas. E o IBGE se tornou chacota em grupos de WhatsApp e perfis de rede sociais do mercado financeiro.
IBGE diz que apura problema técnico
O IBGE informou que o vazamento de dados foi decorrente de um “problema técnico”. O órgão ainda avisou que está apurando as causas para tomar as devidas providências.
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“O IBGE relata que, diante de um problema técnico computacional de horários em seus equipamentos servidores, este processo, que é automático, acabou sendo adiantado em uma hora”, afirmou o instituto.
Gestão de Marcio Pochmann começa a preocupar o mercado
Marcio Pochmann foi nomeado novo presidente do IBGE em agosto de 2023. Ele, que é petista, chegou ao cargo por uma decisão pessoal do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
A nomeação pegou de surpresa até Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento, pasta à qual o instituto está vinculado.
A gestão de Pochmann vem preocupando o mercado desde o fim de 2023. Já no ano passado, ele chegou a declarar que a comunicação “do passado” adotada pelo IBGE “ficou para trás”.
“A comunicação do passado era aquela em que o IBGE produzia as informações, os dados, fazia uma coletiva e transferia a responsabilidade para o grande público através dos meios de comunicação tradicional”, disse Pochmann. “Isso ficou para trás.”
Em outra ocasião, o presidente do instituto criticou a produção de estatísticas no Brasil, que, segundo ele, foi construída somente a partir de práticas respaldadas em países do Ocidente, como Inglaterra, Estados Unidos e França.
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Para Pochmann, o IBGE deveria olhar para as práticas da China, pois haveria uma “mudança de época” em andamento.
A fala de Pochmann gerou críticas de pesquisadores e especialistas. Entre eles, Martha Mayer, ex-diretora de pesquisas do IBGE e integrante da Comissão Consultiva do Censo Demográfico 2022, que escreveu um artigo em que salienta como a China não é um exemplo na área.