Na França, agricultores indignados com o governo de Emmanuel Macron começaram a bloquear autoestradas pelo país e a atacar prédios públicos. O estopim para a revolta popular, segundo o jornal Financial Times, é a “burocracia sufocante” tanto na França quanto na União Europeia (UE).
“Para atingir os nossos objetivos, a violência não é a resposta, mas alguns agricultores simplesmente estão fartos”, disse Arnaud Rousseau, chefe do maior sindicato de agricultores da França, o FNSEA.
À rádio France Inter, o sindicalista prometeu mais manifestações até que as demandas dos agricultores sejam ouvidas. “A partir de hoje, durante toda a semana e durante todo o tempo que for necessário, será organizado um determinado conjunto de ações”, disse ainda Arnaud.
Primeiro-ministro em apuros
Os protestos na França configuram a primeira crise para Gabriel Attal, nomeado primeiro-ministro pelo presidente Emmanuel Macron há duas semanas. Attal deve se encontrar com Rousseau nesta segunda-feira, 22, a fim de ouvir as “demandas claras para que possamos obter respostas claras” com os sindicalistas.
O governo francês vinha afirmando que iria apresentar uma legislação a fim de ajudar os agricultores; porém, no domingo adiou a proposta por algumas semanas — com a promessa de que queria melhorá-la.
Protestos em outros países da Europa
O movimento na França, considerado o maior produtor agrícola da UE e principal beneficiário dos subsídios da Política Agrícola Comum daquele bloco econômico, é deflagrado num momento em que manifestações semelhantes foram registradas nas últimas semanas na Alemanha, nos Países Baixos, na Polônia e na Romênia.
Embora a revolta dos agricultores tenha sido desencadeada pelas medidas adotadas pelo governo francês, como um imposto sobre os combustíveis importados da Alemanha, há um amplo consenso contra a estratégia “do prado ao prato”, da UE. Esse projeto tem o objetivo de reduzir o uso de defensivos agrícolas — e, em nome do combate às mudanças climáticas, reduzir a produtividade agrícola.
‘Burocracia sufocante’
Os agricultores franceses citam a burocracia governamental, a concorrência de importações baratas e a escassez d’água, dentre outras queixas. Os manifestantes afirmam que estão sendo pressionados pelos custos mais altos do gasóleo para os seus tratores, do gás, da eletricidade e também dos fertilizantes. Isso ao mesmo tempo em que lutam para repassar os custos aos seu clientes.