Por Lucas Sampaio e fotos de Fábio Martins
A Torcida Jovem realizou seu segundo ensaio técnico programado no último sábado em preparação para seu desfile no carnaval de 2024. O samba-enredo foi o grande destaque do treinamento, que se encerrou aos 53 minutos. A TJ será a segunda agremiação a se apresentar no dia 11 de fevereiro pelo Grupo de Acesso 1 de São Paulo com o enredo “Raiz Afro Mãe, Meu Brasil Bantu”, assinado pela comissão de carnaval composta por Bambu, China, Deko, Evandro, Jefferson Silvano e Raposa.
Os alvinegros optaram por abrir mão do primeiro treinamento geral ao qual teriam direito para praticar quesitos específicos e precisou encarar uma desafiadora chuva, que caiu com força pouco antes da escola entrar na Avenida e não parou até o fechamento dos portões.
Comissão de frente
A comissão de frente da Torcida Jovem fez uma apresentação de um único ato dentro de uma passagem do samba. Havia uma divisão em dois grupos, sendo um mais à frente formado por cinco mulheres e outro logo atrás formado por quatro atores e quatro atrizes.
O não-uso de um elemento alegórico e de fantasias dificultaram identificar o significado da coreografia. Os dançarinos, porém, demonstraram boa sintonia entre si, não cometendo nenhuma falha visível dentro do que era possível compreender.
Mestre-sala e Porta-bandeira
A forte chuva que atingiu principalmente o começo do ensaio da Torcida Jovem fez com que o primeiro casal formado por Kawê Lacorte e Nathália Bete mudassem seus planos. O casal não aparentou em nenhum momento em que foram observados arriscar a coreografia completa exigida pelo quesito, abrindo mão de elementos básicos como os giros horário e anti-horário. Nos dias anteriores ocorreram críticas de outros casais em relação a condição da pista mesmo enquanto seca, com relatos de oleosidade e até mesmo areia, e a chuva atrelada a tais condições geram insegurança à prática da dança de mestre-sala e porta-bandeira.
Harmonia
Um desempenho preocupante do canto da comunidade, o qual a Torcida Jovem precisará analisar o quanto a chuva pode ter impactado. Dona de um dos melhores sambas do carnaval paulistano em 2024, a escola parece estar com problemas para fazer com que esse trunfo se converta em um coral ao longo da Avenida. Nenhuma ala teve um canto de grande destaque, com algumas vindo com um grande número de pessoas em total silêncio, como foi o caso da ala identificada como “Cosme e Damião”.
Evolução
A evolução foi outro quesito problemático para a Torcida Jovem. Os casais de mestre-sala e porta-bandeira por vezes abriam espaços amplos, deixando clarões ao longo da pista, além da ala que vem logo atrás do carro abre-alas ter demonstrado um leve efeito “sanfona”, abrindo e fechando um espaço notável mesmo com destaques à frente. O recuo da bateria também não foi bem executado, com a ala que vinha em seguida demorando demais para preencher o espaço aberto pelos ritmistas.
Samba-enredo
O samba da Torcida Jovem é um primor de riqueza poética e vigor dignos de enredos marcantes que já passaram pelo carnaval brasileiro sobre a cultura bantu. Voltando a comandar uma ala musical, o intérprete Vaguinho demonstrou que o tempo fora só causou saudades aos sambistas, tendo um desempenho comparável aos grandes momentos de sua carreira. A chave para a TJ superar os problemas dos outros quesitos pode estar em se inspirarem na rica obra que a escola possui.
Outros destaques
A bateria “Firmeza Total” comandada por mestre Caverna contribuiu ainda mais para a beleza do samba da Torcida Jovem. Com bossas bem aplicadas ao longo de toda a obra, em especial nos refrões, os ritmistas fizeram do ensaio técnico uma digna apresentação de uma orquestra, mostrando que o segmento musical da escola está preparado para dar conta da missão que a TJ possui no carnaval de 2024.