A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS) anunciou, nesta terça-feira (21), que o Brasil será um dos centros regionais para o desenvolvimento e produção de vacinas de mRNA na América Latina. A novidade foi comemorada pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, durante reunião virtual do 59º Conselho Diretor, com representantes da entidade.
O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz (Bio-Manguinhos/Fiocruz) será o local que receberá a tecnologia para o desenvolvimento dos imunizantes. A justificativa da escolha, segundo a Opas, é que a Fiocruz “conta com uma longa trajetória na fabricação de vacinas e fez avanços promissores no desenvolvimento de uma vacina de mRNA inovadora contra a covid-19”.
A Fiocruz foi selecionada entre 30 empresas e instituições que demonstraram interesse no consórcio regional para fornecer reagentes de grau farmacêutico e outros insumos para a produção de vacinas de mRNA. A empresa biofarmacêutica privada Sinergium Biotech, na Argentina, também foi escolhida como centro e fará parceria com a empresa de biotecnologia mAbxience – pertencente ao mesmo grupo – no desenvolvimento e fabricação de vacinas.
Na avaliação do ministro Queiroga, o objetivo do governo brasileiro é posicionar o país como referência na América Latina. “O Brasil tem plena capacidade e disposição para contribuir na construção de um mundo mais bem preparado para futuras emergências em saúde”, disse, durante participação virtual na reunião da Opas, nesta terça (21).
“Graças a estratégia diversificada de acesso às vacinas contra a covid-19, o Brasil já passou de importador a produtor de doses. Mas podemos ir além. Com a seleção do Brasil como ‘hub’ regional na produção vacinas para a América Latina e Caribe, iremos nos valer da ampla capacidade produtiva de nosso complexo econômico-industrial, nossa competência técnica, e ambiente regulatório seguro para garantir o acesso a imunizantes aos Brasil e demais parceiros da região”, garantiu Queiroga.
O ministro também aproveitou a fala para destacar o “protagonismo do Brasil na saúde global, calcado na garantia do direito humano à saúde, na promoção do acesso universal a medicamentos e tecnologias de saúde, e na construção de sistemas nacionais de saúde fortes, inclusivos e resilientes”. “Sabemos que o fim da atual crise sanitária depende do acesso universal e tempestivo a diagnósticos, tratamentos e imunizantes.”
A repercussão negativa no cenário externo sobre atuação do governo federal brasileiro frente à pandemia não foi tratada durante o discurso. Queiroga deixou de lado qualquer comentário sobre a escolha do presidente da República, Jair Bolsonaro, em não se vacinar. Mais cedo, no entanto, o ministro demonstrou descontentamento com os protestos contra o mandatário do país e se irritou, mostrando o dedo do meio aos manifestantes.