
São Paulo, Brasil
“Ou um ou outro.”
Essa era a postura dos mecenas do Atlético Mineiro quando, no início do ano, o clube estudava reforços importantes, que serviriam não só como atletas, mas como garotos-propagandas do novo estádio e atrairiam sócios-torcedores.
Rubens Menin, dono da construtora MRV, e Ricardo Guimarães, dono do Banco BMG, imaginavam ou Hulk ou Diego Costa. Jamais os dois.
Mas foi o principal articulador da improvável dupla, de salários milionários, foi Cuca.
O treinador analisou vídeos das últimas partidas que os dois fizeram, no Shangai e no Atlético de Madrid.
Chegou à conclusão que os dois eram absolutamente compatíveis.
Com Diego Costa como o ‘centroavante’, homem de frente, mais fixo. O ‘aríete’, máquinas de guerra que derrubavam muralhas, analogia em relação às defesas não só do Brasil, como da América do Sul.
E Hulk correndo como gosta, da direita para a esquerda, para chutar forte a gol. Ou também pela esquerda, rompendo pelo meio buscando a conclusão ou a tabela.
Diante do ‘um ou outro’, o primeiro a chegar foi Hulk. E seu começo foi completamente instável. Porque ele tinha de jogar fixo, na frente, onde ele não gosta e não rende tudo que pode. Enquanto isso, Cuca acompanhava Diego Costa, sem clube, e passando férias em Sergipe. Torcia para que ele não se acertasse com a Europa ou mesmo com outra equipe brasileira.
O Palmeiras teve a prioridade tanto em Hulk como em Diego Costa. Mas não quis se sujeitar a pagar R$ 1,3 milhão ao primeiro e R$ 1,5 milhão ao segundo. Muito menos a fazer contratos longos com os atacantes. E abriu mão da dupla.
Cuca foi muito astuto e firme com a direção do clube.
Com o Atlético, campeão mineiro, indo muito bem na Libertadores, no Brasileiro e na Copa do Brasil, ele tratou de deixar claro. O time já estava bem, mas se ressentia de uma peça fundamental para, brigar de verdade, pelos três títulos. Ele se chamava Diego Costa.
O treinador sabia que o jogador estava pronto para voltar e queria atuar no Brasil. Já sabendo que o Palmeiras não iria ficar com ele. Daí, a investida certeira.

E, em agosto, Diego Costa mudou a história de um ou outro. O Atlético passava a ter os dois.
Vividos, com passagens pela Seleção Brasileira e Espanhola, a dupla não teve a reação egoísta típica de estrelas midiáticas do futebol mundial. Não foi cada um para o seu lado. Eles juntaram forças, se tornaram companheiros de verdade no gramado e amigos fora dele.
“É igual a seleção brasileira, quando a gente se encontra, é fácil de se entrosar. Somos jogadores de qualidade. O Diego tem muita qualidade, nosso time tem muita qualidade e isso facilita muito. E a vontade do Diego de querer participar também ajuda bastante”, disse, ontem, Hulk, depois da vitória diante do Sport, que manteve o clube disparado na liderança do Brasileiro.
“Sobre o Hulk não tem o que falar. Atualmente não, para mim é o melhor jogador em atividade no futebol brasileiro, venho acompanhando os jogos, existem muitos bons jogadores, mas por tudo aquilo que ele está gerando, que são gols, assistências, jogos, dribles.
“Para mim, o Hulk é o jogador do momento no futebol brasileiro”, resume Diego Costa.
Ou seja, o entrosamento está indo além de todas as expectativas.
Em 44 partidas, Hulk tem 21 gols, 11 assistências. Ou seja, participação em 32 gols do Atlético.
Diego Costa fez ontem sua primeira partida como titular. Marcou seu segundo gol. O primeiro, havia feito na estreia, contra o Bragantino.
A movimentação está ótima da dupla, mas o ex-atacante do Atlético de Madrid precisa de ritmo de jogo. Tanto quer há chance que comece no banco, terça-feira, quando começa a disputa fundamental contra o Palmeiras, pela semifinal da Libertadores da América, no Allianz Parque. E Cuca comece o jogo com Vargas ou Keno.
Mas a dupla atuará junta durante a partida.
“Eles jogaram bem, movimentaram-se bem, tem evolução para acontecer, tem possibilidade de mudanças do jeito de jogarem também. O Hulk pode ser utilizado do lado do campo, e nós estamos satisfeitos com o desempenho dos dois e da equipe em geral”, disse ontem Cuca, sem querer elogiar apenas os dois.

Mas o treinador segue muito orgulhoso.
Acertou em cheio em apostar na improvável dupla.
Convencer os mecenas atleticanos a bancarem R$ 2,8 milhões de salários, só com os dois.
E uma prova definitiva do acerto será no Allianz Parque, estádio que conhecem tão bem.
Na terça-feira.
Na primeira partida da semifinal da Libertadores.
Com as suas duas estrelas.
Contra o clube que não as quis.
Hulk e Diego Costa mostrarão o que o Palmeiras desperdiçou…